Plastimodelismo – Ferramentas básicas


Além – é óbvio – do kit em si, você precisa de algumas ferramentas básicas para se dedicar ao hobby do plastimodelismo. Como dissemos na seção “Como iniciar no Plastimodelismo”, mesmo sendo um hobby relativamente caro, principalmente se você pretende participar de competições, isso não obriga ninguém a adquirir caras tintas e outros materiais importados para se dedicar ao hobby, principalmente se sua única pretensão for a diversão e – essencialmente – aliviar o estresse do dia-a-dia.
Assim, comecemos pelo básico do básico, levando em conta o menor custo possível para o investimento.

1) Kits  bons e baratos
No caso dos kits em si, começar pelas  escalas menores representará – quase sempre – menor custo na hora de adquirir um kit. Digo quase sempre, porque o preço de um kit é determinado por vários fatores. Assim, existem kits em escala 1/48 que custam mais do que kits em escala 1/32 (que são maiores). Os kits da coreana Academy, na escala 1/72 (bastante popular quando se trata de aviões da Segunda Guerra Mundial e modernos) são reconhecidos como de boa qualidade e com boa relação custo-benefício. Estou falando de kits de aviões, mas nada impede que você comece no hobby com um carro, moto, ou navio. Fica a seu critério e, principalmente, a critério de seu bolso... 

2) Ferramentas necessárias
Alicates - Em primeiro lugar, você vai precisar de um alicate de corte reto, para retirar as peças do kit do sprue (a “árvore” de plástico onde as peças do kit vêm presas). Pode ser um alicate normal, vendido em lojas de ferramentas ou mesmo em supermercado. Ou você pode descobrir que acompanhar sua namorada ou esposa em uma visita a uma loja da Comepi em Manaus pode ser um grande programa, pois aquele alicate usado para tirar cutícula serve direitinho para esse fim...
Pinças - Do mesmo modo, um outro item necessário que pode ser “pedido emprestado” do kit de maquiagem de sua cara-metade é aquela pinça de ponta fina, que pode ser excelente para pegar e colar as peças menores.
Estilete - Outra ferramenta importante é o famoso estilete. Aqueles mais comuns, adquiridos em papelaria ou supermercado quebram um galho, mas se puder comprar aquele que se parece um bisturi (tipo X-Acto), com lâminas substituíveis, melhor. O estilete é necessário para retirar flashes (rebarbas ou sobras de plástico) que ficaram do processo de fabricação do kit. Em tese, quanto mais vagabundo for o fabricante do kit, mais rebarbas ficam. Mas mesmo kits de bons fabricantes podem apresentar, uma vez ou outra, alguma rebarba. Isso ocorre por conta do desgaste do molde usado na injeção do kit. Com o desgaste, ficam folgas que permitem que um pouco do plástico usado na injeção entre por essas falhas.
Lixas - Outro item necessário são as lixas. Você não precisa adquirir as caras (e excelentes!) lixas da Tamiya, para esse fim. Uma visita a uma loja de tintas resolverá seu problemas. Compre lixas d’água, com granas altas (quanto maior o “grão” ou grana da lixa, mais suave ela será), como 600, 800, 1200, 1500 e 2000.
Colas - Um item importantíssimo, sem dúvida. Aqui, não existem muitas opções e, provavelmente, você terá que comprar via internet (veja os links de lojas nacionais aqui) ou partir para algumas alternativas. Uma cola que eu gosto muito é a da Revell, que vem num frasco com bico aplicador. Custa uns R$ 25,00 reais ou mais nas lojas online, mas vale a pena comprar e dura bastante. Também é necessário adquirir uma cola para a colagem das peças transparentes. Existem ótimas importadas e eu gosto da cola Contacta Clear, da Revell Alemã. Das nacionais, a cola A Legítima, para uso em artesanato é a melhor. Mas aquela cola branca Cascolar, encontrada em qualquer papelaria, resolve muito bem o problema. Lembre-se apenas que essa cola demora mais a secar, mas o resultado é muito bom e, melhor ainda, se escorrer não mancha a peça transparente, como a cola para plastimodelismo tradicional ou as colas do tipo cianoacrilato (Super Bonder), que também podem ser usadas na montagem de kits, em alguns casos. Lembre-se apenas que,  no caso do uso da Super Bonder, a peça colada fica firme, mas também mais quebradiça no local da colagem, pois ela não funde as partes, como a cola (cimento) para plastimodelismo. Além disso, essa cola não deve ser usada nas partes transparentes, pois os vapores que libera mancham o plástico das transparências. Mas no  caso dos detalhes em photoetch (fotogravura em metal), usadas em alguns modelos ou adquiridos à parte em kits de detalhamento, o uso da Super Bonder é essencial. Uma alternativa para a colagem dos kits é a aquisição do JET (acrílico autopolimerizável) usado em odontologia. Aqui em Manaus, eu acho que deve ser “encontrável” na loja Instrumental Técnico (Av. Ayrão, 690, Centro e filial no Millenium Center). O JET vem em forma líquida e deve ser aplicado com pincel. Mas lembre-se que ele reage com o plástico dos kits, fundindo as partes. Então, deve ser aplicado com cuidado, para não escorrer.
Tintas - Como dissemos no artigo “Como iniciar no Plastimodelismo”, você não precisa começar no hobby usando aerógrafos, compressores e caras tintas importadas. Você pode usar as tintas Acrilex ou Corfix, acrílicas (portanto, solúveis em água) nacionais, aplicar com pincel e obter excelentes resultados. Só tem um problema: tintas à base de água não “atacam” o plástico estireno usado na produção dos kits. Portanto, não aderem bem como as tintas duco  (automotivas) ou as enamel (esmalte sintético). Por isso, será necessário usar um tinta-base ou primer. Sem problema! Nas lojas de tintas ou em papelarias você poderá adquirir o ótimo primer Colorgin Universal 5300. Prefira o Cinza Universal.
Um outra opção é o Primer para Plástico e PET, da Acrilex, que é branco e solúvel em água e deve ser aplicado com pincel, a menos que você tenha aerógrafo (ele  é bem grosso, portanto, precisa ser bastante diluído para não entupir o aerógrafo).
Massa Putty - Depois de montar seu kit, você vai descobrir que mesmo depois de retirar os eventuais flashes (rebarbas), ao juntar algumas partes para colar, ficaram algumas frestas ou vãos. No caso da montagem de aviões, esse problema é comum aparecer na hora de “fechar o pastel”, ou seja, na hora de unir as duas metades da fuselagem, ou na junção da fuselagem com as asas. Para cobrir esses espaços indesejáveis, o modelista usa uma pasta chamada Putty. Só que as massas putty de bons fabricantes estrangeiros (como Tamiya, Testors, Squadron, Vallejo e outras) são caras, custando mais de R$ 30,00 o tubinho, que não são encontrados em Manaus. Mas você pode adquirir nas lojas de tintas automotivas a Kombifiller, que vem em um tubão com muito mais quantidade que as massas Putty de qualquer fabricante estrangeiro, obtendo os mesmos resultados.
Tintas, diluentes  e pincéis - Depois de terminar à montagem, finalmente, vamos à pintura do exterior do modelo. Você não esqueceu de pintar o cockpit antes de fechar a fuselagem, não é? Para começar a pintar seu kit, é bom lembrar que as tintas acrílicas da Acrilex ideais para plastimodelismo são aquelas das tampinhas verdes, foscas, vendidas em potinhos de plástico com 30 ml, ou então as da linha Natural Colors, que vêm em potinhos de 60ml. Lembrando que, seja para pintura com pincel ou aerógrafo, essas tintas (como a maior parte das tintas de plastimodelismo precisam ser diluídas. No caso das acrílicas, o ideal é usar Vidrex. Sim, aquele produto que sua mãe, esposa ou a empregada usa para limpar os vidros das janelas ou móveis de sua casa! No caso, use o Vidrex Cristal, incolor. Alguns plastimodelistas usam para este fim a Cêra Brilho Fácil (também incolor). Eu nunca testei com a Brilho Fácil, mas deve ficar ao menos um cheiro bom, pois essa cêra tem um cheiro agradável.  Outros usam o álcool isopropílico ou mesmo álcool comum para diluir a tinta acrílica.
Fitas para mascaramento - Na hora de pintar o kit, você vai descobrir que precisará mascarar partes de uma cor, para que outra cor não se misture com a anterior. Esse é o caso das pinturas de faixas ou mesmo de camuflagens de aviões ou veículos militares, que podem até ser delineadas à mão mas, em muitos casos, o uso da máscara é praticamente obrigatório!
Um caso em que o mascaramento é necessário e obrigatório é para pintar os frames (ou armações) do canopy ou canopies, no plural (que vêm a ser a cobertura, ou “vidro – na verdade acrílico ou policarbonato) dos cockpits (cabine ou carlinga) dos aviões militares.  Você não precisa usar as caras fitas da Tamiya (que chegam a custar mais de R$ 20,00 o rolinho) para isso (a menos que disponha da grana, pois valerá a pena!). Aquela fita da Scotch conhecida como Fita Mágica, resolve bem, assim como aquela fita crepe da 3M, melhor ainda. Existe ainda a fita para mascaramento da 3M para uso em pintura automotiva, que é quase tão boa como as fitas da Tamiya, com a vantagem de ser muito mais baratas e vir em maior quantidade. Existe a verde e a azul. Escolha a sua preferida. Eu prefiro a azul. 
Bases de Corte – Essas bases, emborrachadas, são muito boas. Aqui em Manaus, comprei a minha, formato A3, na Papelaria Lira, no Centro. Mas você também pode mandar um vidraceiro cortar um pedaço de vidro blindex de uns 40x50cm para usar o estilete sobre ele, sem risco (desculpe o trocadilho) de riscar a mesa de sua mãe ou esposa.
Pincéis - Prefira pincéis de pelo macio. Compre vários tipos de pincel, de número 0 a maiores, como 8 e 12. Compre pincéis finos, arredondados e também os achatados. Com o tempo, você vai saber quando usar um tipo ou outro. Aguarde a tinta secar para dar uma segunda ou mesmo uma terceira demão, se for necessário. Uma opção de boa qualidade e custo baixo são os pinceis da Tigre, que você encontra em papelarias.
Vernizes em spray - Depois de pintar seu kit, vem a fase de aplicação dos decalques, como as marcas nacionais da Força Aérea do avião retratado, ou outra marca qualquer usada no modelo. A aplicação do decal pode ser um problema principalmente em superfícies irregulares ou sobre tintas foscas, como é o caso de veículos ou aeronaves militares, camufladas. É que o decal adere muito bem em pinturas brilhantes, mas este não é caso das pinturas foscas. Como fazer, então?
Mais uma vez, a Acrilex tem a solução para você, na papelaria mais próxima. Você vai precisar comprar dois tipos de verniz Acrilex em Spray: o Brilhante e o Fosco. Veja nas páginas Técnicas Básicas e Técnicas Avançadas como usar o Verniz e outros meios de conseguir aplicar decalques para bons resultados.
Informações para referência – Por último, mas não menos importante, meu caro padawan, você tem sorte de começar a praticar o hobby do plastimodelismo em plena era da Internet. Quando tive meu primeiro contato com o plastimodelismo, há mais de 40 anos, não havia internet e, se você quisesse fotos e informações para obter um bom resultado em seus kits, tinha que adquirir caros livros, sendo a imensa maioria deles, importados. Hoje não! Além de valorosos sites, como este despretensioso blog, existem milhares de sites com informações detalhadas e, mais importante, fotos coloridas do cockpit e do porão do trem de pouso daquele caça alemão da Segunda Guerra Mundial cujo modelo você comprou.  E existem sempre clubes e grupos de plastimodelistas, como o GAP, onde você pode trocar idéias e pedir opiniões sinceras e críticas construtivas sobre a sua evolução no hobby.
Bem, essas são dicas de ferramentas básicas para um início no fascinante hobby do plastimodelismo. Com o tempo e dedicação você poderá achar necessário partir para outros tipos de ferramentas e técnicas mais avançadas, das quais eu destaco o aerógrafo, ou pistola de pintura. Mas isso é outra história.