David Cundall é um fazendeiro inglês
aficionado por aviões que passou os últimos 15 anos procurando um esquadrão de
20 Spitfires enterrados em algum lugar de Mianmar. Nesse período ele torrou 130
mil libras e viajou 12 vezes ao esquecido país asiático, mas finalmente
encontrou os aviões. Agora, os Spitfires voltarão para casa e serão
reconstruídos para voar pela primeira vez.
Esses 20 Spitfires chegaram ao país asiático – que na época chamava-se Birmânia – para reforçar o avanço Aliado pelo território birmanês em batalhas contra o Japão, mas apenas duas semanas depois da chegada das aeronaves, os EUA deram um ponto final à guerra com suas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Esses 20 Spitfires chegaram ao país asiático – que na época chamava-se Birmânia – para reforçar o avanço Aliado pelo território birmanês em batalhas contra o Japão, mas apenas duas semanas depois da chegada das aeronaves, os EUA deram um ponto final à guerra com suas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Spitfire servindo na Birmânia durante a guerra
Então o Lorde Louis Mountbatten ordenou que
os aviões fossem enterrados para impedir que forças estrangeiras os tomassem
após o fim da guerra. Em algum momento de 1945 esses 20 aviões, recém saídos da
linha de montagem foram encerados, envoltos em papel, tiveram suas partes
móveis lubrificadas e foram enterrados a 1,5 metro de profundidade. Os mapas e
documentos sobre a localização perderam-se ao longo dos anos, e os aviões
acabaram esquecidos.
Em 1996 um amigo de David Cundall contou a
ele que certa vez conheceu um grupo de veteranos americanos que trabalharam em
uma enorme trincheira cavada para esconder aviões. Desde então ele vinha
coletando informações com testemunhas oculares, vasculhando arquivos históricos
públicos e publicando anúncios em revistas especializadas.
Militares britânicos preparam um dos 20
Spitfires antes de enterrá-lo
As primeiras viagens a Mianmar não foram
bem sucedidas, principalmente devido ao ambiente político carregado, pois na
época o país vivia um regime militar que só acabou em 2011. Mais tarde ele
encontrou um dos homens que fizeram os mapas e a demarcação do local onde os
aviões foram enterrados, e passou a alugar equipamentos para as escavações, mas
o mapa estava com suas orientações manchadas por lama, e eles gastaram algum
tempo procurando os aviões no lugar errado. Além disso, Cundall percebeu em
certo ponto que não estava cavando fundo o suficiente pois as crateras abertas
pelas bombas chegavam a mais de seis metros de profundidade, e elas foram
fechadas posteriormente.
Foi quando Cundall voltou a Mianmar com um
equipamento capaz de dobrar a profundidade atingida que ele e sua equipe
encontraram as caixas contendo os aviões cuspidores de fogo.
Ao contrário do que parece até aqui, o sr.
Cundall é apenas um pequeno fazendeiro, e não um multi-milionário – o que
explica o tempo gasto procurando os aviões. “Levou 15 anos, mas eu finalmente
os encontrei”, disse o inglês ao jornal The Telegraph. “Spitfires são aviões
lindos e não devem apodrecer em uma terra estrangeira. Eles salvaram nossas
vidas na batalha da Grã-Bretanha e devem ser preservados”.
Ao saber da descoberta de Cundall, o
primeiro-ministro David Cameron ficou impressionado, e iniciou a negociação
política para remover as aeronaves do território birmanês. A remoção custará
500.000 libras e será financiada pela Boultbee Flight Academy, uma academia de
pilotagem de aviões que conserva algumas unidades do Spitfire. O governo
britânico prometeu a Cundall que não reivindicará as aeronaves.
Dos 21.000 Spitfires construídos, restaram
apenas 35 em condições de voo. Com sorte, em pouco tempo esse número subirá
para 55 graças à busca apaixonada e incansável de David Cundall.
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